As Leis Científicas Não São Descobertas, mas Escolhidas
Gordon H. Clark, Uma Visão Cristã dos Homens e do Mundo.

A lei particular que o cientista anuncia ao mundo não é uma descoberta imposta sobre ele pelos chamados fatos; pelo contrário, é um escolha entre uma infinidade de leis, todas as quais desfrutam da mesma base experimental. Portanto, observa-se que a falsidade da ciência deriva diretamente de seu ideal de precisão. Pode ser um fato que o ouro seja mais pesado que a água, mas este não é um fato científico; pode ser um fato que quanto mais alto e distante um corpo cai, mais rápido ele vai, mas Galileu não estava interessado nesse tipo de fato. O cientista quer precisão matemática; e, quando ele não pode descobrir, ele a cria. Visto que ele escolhe sua lei a partir de um número infinito de leis igualmente possíveis, a probabilidade de que ele tenha escolhido a lei “verdadeira” é de um em infinito, isto é, zero; ou, falando com clareza, o cientista não tem chance de chegar às leis “reais” da natureza. Ninguém duvida da utilidade das leis científicas: graças a elas a bomba atômica foi inventada. O argumento de toda a discussão é este: não importa quão úteis sejam as leis científicas, elas não podem ser verdadeiras. Ou, no mínimo, o argumento de toda a discussão é que as leis científicas não são descobertas, mas escolhidas.
Talvez os dois argumentos devam ser afirmados. Não só as leis científicas são não empíricas, elas devem de fato ser falsas. Tome, por exemplo, a lei do pêndulo. Ela afirma que o período da oscilação é proporcional à raiz quadrada do comprimento do pêndulo. Mas, quando os pressupostos científicos dessa lei são examinados, descobrir-se-á que o pêndulo descrito deve ter o peso concentrado em um ponto, sua corda não deve ter tensão e não pode haver atrito no eixo. Uma vez que, obviamente, esse pêndulo jamais existiu, segue-se que a lei do pêndulo descreve pêndulos imaginários e que pêndulos reais não obedecem às leis da física. Note em especial que a análise não separa pêndulos sob condições de laboratório de pêndulos em relógios da sala de estar, e não conclui que em laboratório, mas não na sala de estar, as leis da física permanecem. A análise mostra que nenhum pêndulo físico, não importa quão excelente seja o laboratório, satisfaz as exigências do cientista. O mundo do cientista é (conforme a teoria pré-Heisenberg) perfeitamente matemático, mas o mundo sensível não.
Naturalmente, muitas pessoas impregnadas das tradições científicas do século XIX, reagem com violência à ideia de que toda a ciência é falsa. Nós não produzimos a bomba atômica?, eles diriam. A vacinação não previne a varíola? Não podemos predizer a posição de Júpiter e um eclipse solar? As predições verificadas tornam eternamente ridículo o ataque contra a ciência. Essa reação é, claro, compreensível, por mais irracional que seja. O argumento, afinal, não “atacou” a ciência: ele insistiu no fato da extrema utilidade da ciência — embora, pelas próprias exigências, ela deva ser falsa. Em nenhum momento, o alvo foi atacar a ciência, o alvo é mostrar o que a ciência é.
— Gordon H. Clark. Uma Visão Cristã dos Homens e do Mundo. Brasília: DF: Editora Monergismo, 2013, pp. 200–201.